Mais de 800 escolas em todo o Paraná seguem ocupadas e, ao
que parece, esta é realmente a única forma dos estudantes protestarem contra a
Medida Provisória 746, do Governo Federal, que impõe uma série de mudanças no
sistema educacional do ensino médio. O movimento, organizado pelos próprios
alunos, desafiou as estruturas de governo – tanto federal como estadual. O
modelo adotado por aqui se repete em outros Estados, mas nenhum com a mesma
força.
Por aqui, as manifestações começaram após a declaração da Secretária
de Educação, Ana Seres, confirmando a adesão do Paraná às diretrizes da reforma
e anunciando, para 2017, a montagem de um projeto-piloto “amplamente debatido
com a comunidade escolar”. Mas como acreditar em mais uma promessa do Governo
Beto Richa? Eis o estopim que faltava e as ocupações começaram em todo Estado.
Além das escolas funcionando em condições precárias, outro exemplo
que justifica esse descrédito dos alunos é o envio de um Projeto de Lei à
Assembleia Legislativa que suspende o pagamento do reajuste salarial dos
servidores em 2017. Compromisso que ele mesmo assinou em 2015! Oras, como acreditar
então em um governador que não cumpre o que negocia e assina? Seria exigir em
demasia qualquer ação de boa-fé por parte dos estudantes e professores nessa
altura do campeonato, não seria?
Não satisfeito, Beto esteve com o ministro da Educação,
Mendonça Filho, para entregar o resultado de uma “audiência pública” no mínimo
duvidosa, pois foi promovida pela SEED, via internet e com 16 mil paranaenses. A
ação, no entanto, não passa de blefe, de um factoide sem qualquer efeito legal,
uma vez que o prazo para o recebimento de emendas à MP encerrou em 29 de
setembro.
Enquanto os estudantes resistem, o governo Beto Richa insiste
na tentativa de desconstruir a organização do movimento, com falsas acusações
sobre as ocupações. Mas a farsa se esvai em si mesmo. De acordo com a Comissão
de Educação do Conselho Tutelar de Curitiba, foram visitadas cerca pelo menos 70%
das escolas ocupadas e nenhuma irregularidade foi constada.
O caos instalado no Paraná é fruto do desgoverno da gestão
Beto Richa. A crise na educação é o reflexo da corrupção e dos desvios de
recursos que vem sendo investigados pelo Ministério Público. A Operação Quadro
Negro é o retrato 3x4 de uma quadrilha que não só assaltou os cofres do Estado
em mais de R$ 18 milhões, como destruiu o sonho e o futuro de milhares de
estudantes.
Requião Filho
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