Lula já está nos livros de História da Humanidade; e você...
Começo esse texto perguntando a você: nunca se sentiu um idiota
tratado por um sistema (grande mídia, empresários, castas tradicionais
etc.) que te manipula a toda hora? Nunca se perguntou se você não passa
de um fantoche no jogo complexo política?
Senão, vejamos. Lula não faz mais parte da História do Brasil,
todavia, tornou-se um líder inesquecível que entrou para os estudos da
História da Humanidade.
Parabéns aos que ficaram conhecidos como "coxinhas"[1] e ao juiz
Sérgio Moro. Conseguiram algo que nem mesmo o próprio PT jamais
conseguiria: elevaram Lula à categoria dos Grandes da Humanidade, a
perfilar [em breve] os salões ovais de importantes galerias onde estão
os bustos de Nelson Mandela, ou de Mahatma Gandhi, ou ainda de Martin
Luther King, ou mesmo de Joana d'Arc e outros inesquecíveis, em cuja
fronteira de seus países ultrapassaram – e muito – para fazer parte da
colisão do paradigma civilizatório planetário. Ou seja: mudaram um tempo
rude e permanecem dando lição de como devemos ser melhores como
humanos.
Todavia, preciso fazer alguma justiça a Lula. Não é mérito da
pequenez de Cármen Lúcia, ou, em contexto confuso, dos "Luíses", Edson
Fachin [2], com sua serenidade quase preguiçosa, e Roberto Barroso, que
por algum estrelismo vaidoso, estranhamente resolveu impor suas ideias à
da própria Constituição. E não se [des]considere neste conjunto, a
meta-dúvida existencial e jurídica da Rosa Weber [3]. Tampouco, a
mesquinhez do que será considerado em décadas adiante um rato [4], o
Moro. Eles têm sua participação nesse xadrez. Deram a evidência
internacional a um cara a partir de uma Justiça Seletiva em cujo
julgamento-modelo serve para "Chico", e não serviu para "Francisco"
(Aécio, Alckmin, Temer etc.). Mas a cereja do bolo é do ex-presidente do
Brasil.
Lula já era bem maior que todos eles quando instigou uma política
pública que se fez sintoma de revolução (o programa "Fome Zero") em um
dos maiores países da Terra. Afinal, o Brasil, por sua dimensão, era uma
vergonha planetária, pois sua população, dadas as desigualdades sociais
gritantes e a miséria latente, passava fome nos moldes alguns
[injustiçados] países africanos. Por óbvio, Fome é sinônimo de morte;
morte causada por intervenção civilizatória proposital é sinônimo de
guerra. Lula declarara, portanto, contra-guerra à Fome para que as
pessoas de seu país vivessem.
É difícil entender essa matemática? É por isso que Lula foi indicado
ao Prêmio Nobel da Paz; por lutar contra uma das mais sujas guerras do
ser humano: a Fome. E o programa (luta) de Lula serve de modelo hoje
para dezenas de países que combatem essa tortura diária que afeta
bilhões de pessoas neste Planeta. E mesmo que Lula não ganhe o Nobel da
Paz, na prática, Lula já é um símbolo de transformação civilizatório
para este mundo.
Lula é hoje "Capa" (notícia) em quase todos os grandes jornais do
Planeta: The New York Times (EUA); The Guardian (Inglaterra); Clarín
(Argentina); Bild (Alemanha); Le Monde (França); BBC (Inglaterra); CNN
(EUA); e até da Rede Globo, no Brasil (essa parte foi ironia mesmo; pra
quebrar o "gelo" no texto). Não se trata somente de um líder qualquer: é
o homem que criou a organização "BRICS", esta que deu conotação de uma
nova geopolítica global. E o cara está sendo perseguido não por uma mera
narrativa "tola" da Esquerda, mas pela obviedade da Justiça que não
prende a valer os caciques do PSDB, do PMDB, e ainda ressuscitam
diariamente Dom João VI na governança do País.
Lula não é um líder neutro. Tampouco o seria face que o Brasil não é
um país "neutro" no mundo e, a grosso modo, é ao menos: 1) o quinto
maior, respectivamente, em território de um Estado Soberano, e em
população planetária; 2) uma das maiores economias globais (chegou à 6ª
maior); 3) a maior reserva de água doce subterrânea do Planeta
(especialmente o Aquífero Guarani e o Aquífero Alter do Chão); 4) o
maior fornecedor de commodities e alimentos do mundo (soja, ferro,
feijão, madeira e até cupuaçu); 5) a maior biodiversidade do mundo
(florestas e matas inigualáveis em riquezas); 6) o maior fornecedor de
silício (matéria básica para os chips do celulares etc.) e de nióbio
(para fabricação de caças, foguetes, mísseis etc.); e 7) com o Pré-sal,
um dos maiores produtores de Petróleo da face da Terra; além de tudo
mais que tem nesse quintal abençoado por Deus. E Lula fez o mundo
respeitar esse País. E nós aqui batendo panelas, vestidos de "Pato
Amarelo" em frente à sacada de nosso prédio, sem a capacidade de
perceber a cor do crepúsculo que está em nosso horizonte. (Aliás, não
enxergamos 2 metros à frente de nossa mediocridade.)
Em síntese: Lula já não liga para o que você, que se acha o
"Cientista Político do Facebook", ou o juiz Sérgio Moro estão pensando.
Lula não [se] mede mais pela condição temporal. Lula tornou-se expoente,
assim como alguns poucos seletos ao longo da História, da
atemporalidade intergeracional. Lula não se preocupa com a opinião
grosseira, indigesta e pouco inteligente de uns poucos brasileiros que
gritam por esquinas de redes sociais afora. Lula está noutra "vaibe":
ele se vê [verá] estudado, por um tanto que de suas teses e narrativas
não gostarão, e por uma quantidade ainda mais significativa dos que
usarão seu exemplo para uma luta de conquista à Justiça Social
Planetária. Lula se eternizou. Entende? Tua bobagem dita no Instagram,
ou tua Panelinha feito zabumba nos lazeres em praça pública são motivos
de [dó] risos para a racionalidade e o cálculo óbvio da História – e dos
Historiadores.
Lula, diferente de seus algozes juízes parciais, não será nota de
rodapé da História do Brasil, e, ao contrário, tornou-se um personagem
(personalidade) da História da Humanidade.
Já podem voltar para casa, manifestantes feitos de besta pela Mídia e
pela CBF. Aliás, alguém aí estimou quanto a CBF lucrou com a venda de
camisetas e botons para esse espetáculo ridículo que tentaram chamar de
"O Gigante Acordou", desde 2013 para cá?
É, eu sorriria, não fosse trágica a sua comédia, amigo, que também é
história real, mas que restará patética para a sombra da História de um
ícone que tu mesmo criara.
...............
[1] Detesto usar jargão. É quase uma condição piedosa, pois se tratam
de pessoas que são conceituadas por terem "muita massa e pouco
conteúdo". Todavia, é uma forma muito pejorativa e sem graça de se
reportar a indivíduos que apenas não tiveram a formação política
necessária (analfabetos políticos) para compreender o que está por trás
da chamada Superestrutura Global.
[2] Quero fazer uma ressalva confusa. Sobre o Fachin, recuso-me
acreditar que ele seja do "mal", ou seja assim tão "Frachin". É que
assisti à sabatina do Luiz Edson no Senado da República, que durou
históricas 12 horas seguidas. Não é possível que aquele senhor de face e
fala tão episcopal, sofrendo com as safadas perguntas sofistas dos
[in]dignos senadores para ser aprovado à cadeira de Ministro do STF,
tenha se voltado tanto contra sonhos que pareciam escorrer de seu rosto,
junto ao suor do suplício ali vivido. Foi no dia 12/05/15. Eu vi isso
presencialmente.
[3] A excelentíssima ministra que consegue ler um decisum de sua
consciência e escrever outro na Peça Jurídica. É quase uma dislexia
técnico-filosófica. Ou apenas uma existência confusa, tipo: loucura de
intelectual. Tem uma frase no meu livro que explica bem a Rosa: "Aquilo
que é, não é, mas pode ser". (Me deu uma vontade rir!)
[4] "Rato" aqui, refiro-me àqueles filmes e desenhos animados em que a
cena começa com um roedor passeando pelas ruelas da cidade, mergulhando
suas patas na poça d'água suja e procurando uma lavagem qualquer para
comer ou as sobras que caíram das lixeiras. A seguir, o rato some "de
cena", e o roteiro continua com os personagens que realmente
protagonizam a história. Entende?
conteúdo
Marconi Moura de Lima Burum
Brasil 247
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