A Arábia Saudita afirmou no domingo que o assassinato do jornalista
Jamal Khashoggi no consulado do país em Istambul foi um “erro enorme e
grave”, mas procurou blindar o poderoso príncipe herdeiro da crise,
dizendo que Mohammed bin Salman não estava ciente do caso.
Os comentários do ministro de Relações Exteriores saudita, Adel
al-Jubeir, foram alguns dos mais diretos a partirem de Riad, que deu
relatos múltiplos e conflitantes sobre o assassinato de Khashoggi em 2
de outubro, primeiro negando sua morte e mais tarde a admitindo em meio a
uma crise internacional.
“Essa foi uma operação que foi uma
operação clandestina. Essa foi uma operação na qual indivíduos acabaram
excedendo a autoridade e as responsabilidades que tinham”, disse Jubeir à
rede norte-americana Fox.
“Eles cometeram um erro quando mataram Jamal Khashoggi no consulado e tentaram acobertar”, afirmou.
As
semanas de negação e a falta de provas palpáveis diante das alegações
de autoridades da Turquia, segundo as quais Khashoggi foi assassinado,
abalaram a confiança global nos laços com o maior exportador de petróleo
do mundo.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Stephen Mnuchin, disse
que a admissão saudita de que o colunista do Washington Post foi morto
durante uma briga foi um “bom primeiro passo, mas não o suficiente”,
mesmo assim acrescentando que é prematuro debater sanções contra Riad.
Três
potências europeias —Alemanha, Reino Unido e França— pressionaram a
Arábia Saudita para que apresente fatos, e a chanceler alemã, Angela
Merkel, disse que a Alemanha não exportará armas ao reino enquanto
persistir qualquer incerteza a respeito do destino de Khashoggi.
Na
noite de domingo a Agência de Imprensa saudita disse que tanto o rei
Salman quanto o príncipe Mohammed ligaram para o filho de Khashoggi,
Salah, para dar seus pêsames.
Jubeir transmitiu as condolências
para toda a família de Khashoggi na manhã de domingo. “Infelizmente um
erro enorme e grave foi cometido, e garanto a vocês que os responsáveis
responderão por ele”, disse ele à Fox.
Jubeir disse que seu país
não sabia que Khashoggi, um cidadão saudita radicado nos EUA, havia sido
assassinado nem sabe onde seu corpo está, e também que o príncipe
Mohammed não é o responsável.
Khashoggi, de 59 anos, desapareceu
depois de entrar no consulado para obter documentos para se casar.
Depois de uma quinzena negando qualquer envolvimento em seu
desaparecimento, no sábado Riad disse que Khashoggi, um crítico do
príncipe da coroa, morreu durante uma briga no edifício. Uma hora mais
tarde outra autoridade saudita atribuiu sua morte a uma chave de braço.
conteúdo
Doina Chiacu
Kylie MacLellan
Reportagem adicional de Thomas Escritt, em Berlim; Kylie MacLellan, em
Londres; Laurence Frost, em Paris; Taiga Uranaka, em Tóquio; Praveen
Menon, em Wellington; Omer Berberoglu e Yesim Dikmen, em Istambul
El País
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