Delações "usam sardinhas para pegar tubarões"
O procurador Deltan Dallagnol, que encabeça a força-tarefa da Lava Jato, diz que a investigação não teria alcançado tais resultados não fossem os acordos de delação premiada firmado entre o Ministério Público Federal e investigados no esquema. Em entrevista ao jornal O Globo neste domingo, ele aponta que o princípio dos acordos é usar "uma sardinha para pegar um tubarão".
"A gente não teria chegado aos resultados alcançados no caso da força-tarefa anterior, do Banestado, nem nesse caso da Lava-Jato, sem as colaborações. Não tenho dúvidas. Elas alavancaram a investigação", disse. Segundo ele, o acordo é uma "escolha da defesa". "Não vamos atrás da pessoa para buscar acordos", explica.
Foi Dallagnol quem fez o primeiro termo escrito de delação do Brasil, com o doleiro Alberto Youssef, em 2003, no caso Banestado. O acordo foi violado pelo doleiro e por isso, houve preocupação em firmar um novo no caso da Lava Jato.
"Esse acordo só seria feito se fosse muito benéfico para a sociedade. E uma coisa que está no acordo do Costa é uma previsão que já existia antes: a de que, se a pessoa voltar a cometer crime, perde todos os benefícios, tanto que, quando vimos que o Youssef continuava cometendo crimes, o processamos", afirmou.
"Um dos princípios que a gente segue é o de que você não vai fazer a colaboração para trocar um peixe grande por um peixe pequeno. Você faz a colaboração para trocar um peixe pequeno por um peixe grande ou para trocar um peixe por muitos peixes. Esse é um princípio de utilidade social. Quando você pega uma sardinha, você pode comer essa sardinha, ou usá-la como isca para pegar um tubarão. Esse e outros vários princípios, usados pela experiência americana e italiana, são utilizados para a gente guiar nossa conduta", acrescenta.
Brasil 247
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