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Em
apenas 2 segundos, as pessoas decidem se te deixar de escanteio em um
grupo é boa ou má ideia, com base apenas nos seus traços físicos.
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Quase todo mundo considera que o bullying e a exclusão social são processos muito graves - até quem pratica. Deixar alguém de lado é um processo que gera culpa, então como é que tanta gente faz isso?
Mas a exclusão social não é uma técnica racional, na qual investigamos todos os fatos para chegar a uma conclusão. Os pesquisadores da Universidade de Basileia acreditam que o processo é bem mais sutil - e que utilizamos pistas não verbais, como o formato do rosto de alguém, para reconhecer quem no grupo pode ser "aceitavelmente" excluído.
Para testar essa hipótese, os cientistas mostraram fotos de rapazes a 480 voluntários por apenas dois segundos. Logo depois, perguntavam qual dos fotografados tinha mais chance de "merecer" ser excluído de um grupo.
A pegadinha é que cada modelo nas fotografias teve seu rosto alterado em quatro versões diferentes. Os pesquisadores queriam saber como dois fatores específicos afetavam a exclusão social: o quanto a pessoa parecia calorosa e o quanto ela parecia competente.
As fotos acima mostram 4 combinações diferentes de traços
atribuídos a pessoas calorosas (olhos grandes, cantos da boca virados
para cima), pessoas frias (olhos pequenos, expressão mais dura),
incompetência (expressão ingênua e vaga) e competência (expressão
alerta).
Os voluntários da pesquisa tendiam a considerar mais aceitável
excluir os rapazes que, pelo rosto, pareciam frios e incompetentes. Do
ponto de vista do grupo, explicam os psicólogos, são eles o que tem
menos a contribuir (pela falta de competência) e é mais difícil criar
vínculos com eles (pela frieza).Mas as pessoas favoritas e com menos chances de serem excluídas não estavam no outro extremo. Os participantes tinham uma resistência enorme a excluir os incompetentes que eram calorosos. É muito provável que essas pessoas passem a impressão de que precisam ser protegidas, por serem bem intencionadas mas ingênuas. Mesmo quando são excluídas, elas tem mais chance de inspirar simpatia de outros grupos - que por sua vez, leva o grupo anterior a ser considerado cruel.
No meio termo, ficam os competentes, tanto frios quanto calorosos, que inspiram sentimentos bem diferentes. Os dois têm um valor social maior por terem como contribuir para o grupo, mas as pessoas frias tendem a sofrer com a inveja alheia. Já os calorosos vistos como mais capacitados são admirados e geralmente ganham posições de liderança dentro do grupo.
A grande preocupação dos cientistas, porém, é que a maioria
das pessoas reage do mesmo jeito a esses formatos de rosto - inclusive
quem deveria ajudar numa situação de bullying, como um professor ou
adulto responsável.
Assim, se a pessoa já foi excluída e está sozinha e vulnerável, o
"incompetente bem intencionado" tem muito mais chances de receber ajuda
que o "incompetente antipático" - que pode acabar carregando o impacto
emocional do ostracismo por muito tempo. E basta dois segundos para
nossa cabeça decidir a que categoria dessas uma pessoa pertence.Por Ana Carolina Leonardi
Editado por Bruno Garattoni
super
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