Três anos depois de o Brasil
sair do mapa mundial da fome da ONU — o que significa ter menos de 5% da
população sem se alimentar o suficiente —, o velho fantasma volta a
assombrar as famílias brasileiras não só no Nordeste e Norte, mas em
todo o País. É um resultado desastroso da política cruel adotada pelo
governo ilegítimo Michel Temer.
Cortes em programas e políticas
de proteção social têm sido a regra de Temer, que optou claramente por
cortar benefícios e reduzir, drasticamente, as subvenções dos programas
sociais. Esse jeito de governar revela que o golpe é contra os mais
pobres, contra o trabalhador. E, infelizmente, a fome é a parte mais
visível e cruel deste "Novo Brasil" que eles estão construindo.
Quando a presidenta legítima
Dilma Rousseff foi afastada pelo golpe parlamentar, 13,8 milhões de
famílias estavam recebendo os benefícios do Programa Bolsa Família.
Nas mãos dos golpistas, o Bolsa Família está despencando: o número de
famílias atendidas caiu para 13,2 milhões em junho de 2017 e chega a
julho com 12,7 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento
Social.
O golpe já excluiu 1,1 milhão de
famílias da rede de proteção. Isto representa 4,3 milhões de pessoas, a
maioria crianças (em média cada família tem 3,6 membros). Em meio à
crise econômica, consequência da política econômica desastrosa dos
golpistas, o governo Temer desprotege justamente os mais vulneráveis.
Revelando assim a sua face mais desumana ao intensificar a crise
social.
A exclusão de famílias do Bolsa
Família, iniciada ano passado, e a redução dos valores investidos no
Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), que
compra do pequeno agricultor e distribui a hospitais, escolas públicas e
presídios, são uma vergonha para um país que trilhava avanços sociais
que o colocava como referência em todo o mundo.
Segundo publicou o jornal "O
Globo", no norte de Minas Gerais, por exemplo, o corte feito pelo
governo federal no repasse de alimentos ao Quilombo Gurutuba, via PPA,
vem colocando em risco a alimentação das sete mil famílias que lá vivem.
E isso significa que essas pessoas estão voltando a sofrer com a fome.
Os números do orçamento da União
são pedagógicos e esclarecem como e por que estamos voltando ao mapa da
fome. De janeiro a junho de 2016 foram pagos R$ 43 milhões para
aquisição de alimentos; no mesmo período em 2017 foram somente R$ 5
milhões de reais.
O governo Temer disse que estava
reduzindo o Bolsa porque não havia mais famílias na fila de espera:
outra mentira dos golpistas. O desemprego alcançou o índice mais alto da
história, com mais de 14 milhões de desempregados. Como não esperar o aumento na procura do Bolsa Família? Com o desemprego, milhares de famílias perderam renda.
O povo bate à porta das redes de
assistência social. Atualmente, 550 mil famílias estão na fila,
esperando para receber o cartão. Na expectativa de que o benefício
garanta comida e possa espantar o fantasma da fome. É só andar pelas
ruas das médias e grandes cidades e se percebe que a pobreza voltou a
crescer.
Há um mês, o governo golpista
disse que usaria o saldo da redução de famílias para dar o reajuste de
4,6% no Bolsa Família, mas não cumpriu a promessa. Congelou os valores
do benefício. E corre solto na Esplanada que a “sobra” está sendo usada
para pagar as emendas parlamentares em troca de barrar a denúncia por
corrupção contra Temer.
O Brasil, de Lula e Dilma,
realizou uma revolução silenciosa, em pouco mais de uma década, ao sair
da condição de País conhecido internacionalmente pelo alto índice de
pobreza para o País que, de forma pacífica, conseguiu reduzir
radicalmente a miséria. Quem diz isto não é o PT, não sou eu, mas o
Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud).
Por exemplo, enquanto o mundo
conseguiu reduzir a pobreza extrema pela metade, para 22%, em 2012 – o
Brasil, no mesmo período, erradicou a fome e fez com que a população
extremamente pobre do País caísse para menos de um sétimo do registrado
em 1990 (de 25,5% para 3,5% em 2012). Uma vitória dos governos do PT e
do povo mais pobre.
Mas hoje a realidade é que o
fantasma da fome volta a rondar. Com o governo Temer, corremos o risco
de ser o país que mais rapidamente voltou ao mapa da fome. A única
saída para barrar esse triste retrocesso e também acabar com a crise
econômica e política é a convocação, ainda em 2017, de eleições diretas.
Precisamos retomar a estabilidade política e democrática no Brasil e
construir um governo sério, legítimo e comprometido com questões
sociais.
Carlos Zarattini
Brasil 247
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