A direita deve estar incrédula. Está adorando. E torcendo para isso
continuar. É inacreditável! Ela, pobre coitada, protagoniza um
espetáculo de bate cabeça entre candidatos sem chance, disputando a
lanterninha, enquanto a esquerda, que tem dois candidatos viáveis, com
tudo para vencer, não consegue se entender. Lula tem 32%, teria lugar garantido no segundo turno, poderia até
levar no primeiro, mas está preso. E ninguém sabe quando vai sair. A
sentença é dura. Os recursos se esgotam. Ciro é o candidato de esquerda (ou mais próximo da esquerda) mais bem
colocado, próximo de 10% e está livre para conquistar mais votos. Se o PT anunciasse apoio a ele, indicando o vice, não há dúvida que
isso mudaria o rumo da eleição, as intenções de voto nele se
multiplicariam e o deixariam perto de garantir o segundo turno contra o
candidato da direita: Bolsonaro? Alckmin? E, no entanto, a direção do PT, em vez de negociar um acordo de alto
nível, que livraria o Brasil da agenda da direita imposta há dois anos
por Temer, insiste em fechar portas para aliança com Ciro, investindo na
ideia de que a irresistível ascensão de Lula nas pesquisas vai forçar a
revogação da sua sentença. E assim permitir que ele participe da
campanha tal como os demais candidatos, vença e governe o Brasil. Pior ainda: além de não querer conversa com Ciro, a cúpula do PT
começa a demonizá-lo, empurrando-o para os braços da direita. Não é
exagero supor que, nesse andar da carruagem, daqui a pouco os petistas
comecem uma campanha "Fora Ciro". O fator que mais atrapalha o entendimento é que o caso está sendo
tratado mais com o coração do que com a razão. Tudo em volta de Lula
ganha contornos exacerbados. "Eleição sem Lula é fraude"! "Ou Lula ou
nada"! A partir do momento em que o coração sair de cena tudo poderá ficar
mais fácil. Afinal, o que o PT quer, há dois anos, é derrotar o golpe. É
disso que o país precisa. Se Lula está impedido, por ora, de liderar esse processo, Ciro não está e pode chegar lá, com a ajuda de Lula.
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