O médico austríaco Hans Asperger (1906 – 1980) ficou famoso por seu
trabalho nos campos da pediatria e psiquiatria infantil. Sua
contribuição na pesquisa sobre o autismo ajudou a identificar uma
síndrome que leva seu sobrenome. Agora, um lado sombrio de seu passado
foi descoberto: ele foi participante ativo no programa de eugenia dos
nazistas. O fato foi revelado por Herwig Czech, da Universidade de Viena. O
pesquisador passou oito anos analisando documentos inéditos sobre o
médico, inclusive seus arquivos pessoais e prontuários de seus
pacientes. Asperger seria tão próximo dos nazistas que teria enviado
pacientes para a clínica Am Spiegelgrund, local destinado a crianças
que, segundo o regime, "não eram dignas de viver". Cerca de 800 crianças morreram na clínica entre 1940 e 1945. Muitas
delas foram alvo de "eutanásia infantil". Czech também encontrou
documentos que mostram que Asperger dizia que vítimas de abuso sexual
infantil eram culpadas pela violência que haviam sofrido. Além disso,
seus diagnósticos apresentavam estereótipos antissemitas. Após o
colapso do nazismo, o médico continuou a atuar em sua especialidade por
30 anos. Na época em que o termo "Síndrome de Asperger" foi cunhado, em
1981, não se sabia do envolvimento dele com o nazismo. Herwig Czech
acusa outros historiadores e pesquisadores de terem ocultado o passado
condenável do médico durante anos.
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