Depois que a pesquisa
Datafolha colocou Lula nas alturas mais uma vez, a imprensa e seus
porta-vozes decidiram aceitar, ainda que de maneira relutante e
indignada, o fato de que Lula não teve a imagem arranhada pela prisão
política. Pelo contrário: depois de preso, Lula cresceu e trouxe o
eleitor para a decisão central na cena política arrasada do país: 'sem
ele, a eleição será uma fraude'. Para dar conta do cenário pró Lula e
da frustração dos prognósticos anteriores, de que depois de preso Lula
iria 'derreter', comentaristas usam palavras de emergência: "anormal'é
uma delas. Para eles, a 'eleição está anormal', não a situação do país
ou a própria situação de Lula. O mote da análise eleitoral midiática é
tentar lidar com o fenômeno Lula como se ele fosse exótico e
inexplicável. Ao menos, eles abandonaram o 'apagamento' da candidatura
Lula, que se impôs ao cenário de maneira incontornável. "A eleição continua anormal. E faz
muita diferença que o quadro tenha continuado assim depois de dois
meses. Já deu tempo para desistir de Lula depois de vê-lo sendo preso, e
pouca gente desistiu. Os eleitores de direita já sabem que têm uma
opção mais moderada em que votar, mas os bolsonaristas não estão
migrando para Alckmin. Isto é,
as pessoas que estão se desviando do normal das eleições brasileiras
parecem ter convicções bem mais fortes do que achávamos. Nada disso vai
mudar por inércia. (...) Não se sabe se esses gestos serão
possíveis, se terão tempo de tornarem-se eficazes, ou se neutralizarão
um ao outro. O PT vai conseguir resistir à ofensiva de Ciro sobre o
patrimônio eleitoral lulista? Se conseguir, será capaz de lançar
candidato próprio viável ou a centro-esquerda vai cair dividida? Alckmin
conseguirá derrubar Bolsonaro mesmo carregando os pesos mortos de Aécio
e da participação no governo Temer? O Datafolha sugere que, no momento,
é mais fácil fazer política de dentro da cadeia do que de perto do
Planalto." Leia mais aqui.
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