A especialidade de um escritor é o trato com as palavras. Seu trabalho é lapidá-las de forma a contar a melhor história, construindo uma estrutura interessante para o leitor, independente do formato escolhido. A maioria, lógico, prefere publicar seus escritos em livros. Outros escolhem o teatro. E, às vezes, alguns escritores decidem se arriscar em uma mídia diferente da que estão habituados. Veja a história de cinco escritores famosos que trabalharam com roteiros para Hollywood:
1. F. Scott Fitzgerald

Para se ter uma ideia, o ano de 1937 rendeu quase 30 mil dólares aos cofres de Fitzgerald, sendo que só os direitos autorais sobre os livros Este lado do paraíso e Os belos e malditos lhe renderam cerca de 15 mil. Seu primeiro trabalho como roteirista aconteceu um ano depois, ao refinar o roteiro inicial de Um Yankee em Oxford. Neste mesmo ano, trabalhou nos textos de Carnaval na neve e Maria Antonieta.
O que pouca gente sabe é que Fitzgerald foi um dos responsáveis por polir o roteiro vencedor do Oscar de 1940, de E o vento levou…, assinado por Sidney Howard. Porém, ao contrário do sucesso de seus livros O Grande Gastby e Seis contos da era do jazz, os roteiros de Fitzgerald não eram tão populares. Autores mais novos diziam que as produções era didáticas e enfadonhas, sempre pensando em entregar o final feliz que a audiência esperava.
2. Roald Dahl

Por um breve período de tempo, durante os anos 1960, Dahl também se arriscou com roteiros para Hollywood. Ele inicialmente trabalhou com duas adaptações de livros de Ian Fleming. A primeira delas foi a do quinto filme de James Bond e o penúltimo de Sean Connery, Com 007 só se vive duas vezes. A segunda foi a de O calhambeque mágico. Mas as duas precisaram de vários retoques feitos por outros roteiristas antes de serem produzidas.
Em 1971, Dahl trabalhou na adaptação de um de seus próprios livros. A primeira versão do roteiro de A fantástica fábrica de chocolates precisou ser alterada por outro roteirista e Dahl ficou desapontado com o resultado. Segundo a curadora do Roald Dahl Museum and Story Centre, Liz Attenborough, o autor teria dito que o filme “colocou muita ênfase no Willy Wonka e pouca no Charlie” que, de acordo com Dahl, era o verdadeiro centro do livro. Essa frustração se estendeu para as outras adaptações feitas e o autor não permitiu que A fantástica fábrica de chocolates fosse novamente filmado enquanto estivesse vivo.
3. Aldous Huxley

O mais curioso é que Huxley chegou a trabalhar em uma primeira versão do roteiro de Alice no País das Maravilhas, rejeitado pelo próprio Walt Disney. O criador do Mickey disse que só conseguia entender uma coisa a cada três palavras. No fim, apesar da lagarta ter um pouco da experiência do autor com as drogas, a participação de Huxley no filme pode ser considerada nula.
4. Tennessee Williams

A primeira vez que trabalhou como roteirista foi, inclusive, adaptando sua peça Algemas de cristal, em 1950. Um ano depois, Williams escreveria o primeiro de seus roteiros indicados ao Oscar, a partir da apresentação Uma rua chamada pecado, vencedora do prêmio Pulitzer. O filme acabou vencendo 4 das 12 categorias em que concorria, porém Williams não levou a estatueta para casa. Sua segunda chance veio em 1952, quando foi indicado novamente à maior premiação do cinema, dessa vez pela adaptação de Baby Doll. De novo foi para casa sem o prêmio.
Ainda contribuiu com os roteiros de Vidas em fuga (1960) e De repente, no último verão (1959). Porém sua maior lembrança continua sendo literária, com peças como Gata em teto de zinco quente, Orpheus Descending e Sweet Bird of Youth.
5. William Faulkner

O filme de maior sucesso da lista de Faulkner, porém, é À beira do abismo, que tinha Humphrey Bogart e Lauren Bacall no elenco. Presente na lista dos 250 melhores do Imdb, o filme conta a história de mistério e amor do detetive particular Philip Marlowe (Bogart). Faulkner continuou trabalhando em roteiros até o meio da década de 1950, mas o maior prêmio do autor veio mesmo do mundo literário. Em 1942, foi laureado com o Nobel da Literatura e ganhou duas vezes o Pulitzer Prize for Fiction, nos anos de 1955 e 1963.
Bruno Assis
super
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