Várias pesquisas psicológicas estão chegando à conclusão que a
incompetência priva as pessoas da capacidade de reconhecer sua própria
incompetência. Ou seja: as pessoas burras são burras demais para saber
que são burras. E essa desconexão pode ser responsável por muitos dos problemas da sociedade. Com mais de uma década de pesquisa, David Dunning, um psicólogo da
Universidade de Cornell, demonstrou que os seres humanos acham
“intrinsecamente difícil ter uma noção do que não sabem”. Se um indivíduo não tem competência em raciocínio lógico,
inteligência emocional, humor ou mesmo habilidades de xadrez, a pessoa
ainda tende a classificar suas habilidades naquela área como sendo acima
da média.
Dunning e seu colega, Justin Kruger, agora na Universidade de Nova
York, fizeram uma série de estudos nos quais deram às pessoas um teste
de alguma área do conhecimento, como raciocínio lógico, conhecimento
sobre doenças sexualmente transmissíveis e como evitá-los, inteligência
emocional, etc. Então eles determinaram as suas pontuações, e, basicamente, pediram que
eles lhe dissessem o quão bem eles achavam que tinham ido. Os resultados são uniformes em todos os domínios do conhecimento. As
pessoas que realmente se saíram bem nos testes tenderam a se sentir mais
confiantes sobre o seu desempenho, mas apenas ligeiramente. Quase todo
mundo achou que foi melhor do que a média.
“As pessoas que realmente foram mal – os 10 ou 15% de fundo – acharam
que seu desempenho caía em 60 ou 55%, portanto, acima da média”, disse
Dunning. O mesmo padrão aparece em testes sobre a capacidade das pessoas em
classificar a graça de piadas, gramática correta, ou até mesmo seu
próprio desempenho em um jogo de xadrez. O
pior é que não é apenas otimismo. Os pesquisadores descobriram uma
total falta de experiência que torna as pessoas incapazes de reconhecer a
sua deficiência. Mesmo quando eles ofereceram aos participantes do estudo uma
recompensa de US$ 100 caso eles classificassem seu desempenho com
precisão, eles não o fizeram, achando que tinham ido melhor do que
realmente foram. “Eles realmente estavam tentando ser honestos e
imparciais”, disse Dunning. Sociedade burra
Dunning acredita que a incapacidade das pessoas em avaliar o seu próprio
conhecimento é a causa de muitos dos males da sociedade, incluindo a
negação das alterações climáticas. “Muitas pessoas não têm formação em ciência, e assim podem muito bem
não compreender os acontecimentos climáticos. E como elas não têm o
conhecimento necessário para avaliá-los, não percebem o quão ruim suas
avaliações podem ser”, disse ele. Além disso, mesmo se uma pessoa chegue a uma conclusão muito lógica
sobre se a mudança climática é real ou não com base em sua avaliação da
ciência, isso não significa que a pessoa realmente tinha condições de
avaliar a ciência. Na mesma linha, as pessoas que não são talentosas em uma determinada
área tendem a não reconhecer os talentos e boas ideias dos outros, de
colegas de trabalho a políticos. Isso pode impedir o processo
democrático, que conta com cidadãos com capacidade de identificar e
apoiar o melhor candidato ou a melhor política.
Conclusão: você deve se lembrar de que pode não ser tão bom quanto
pensa que é. E pode não estar certo sobre as coisas que você acredita
que está certo. E, além de tudo, se você tentar fazer piadas sobre isso,
pode não ser tão engraçado quanto você pensa.
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