Nunca houve tantos eleitores brasileiros no exterior



Mais de meio milhão de brasileiros vão às urnas no exterior dia 7 de outubro, e provavelmente também no dia 28, para escolher quem vai ocupar a Presidência da República nos próximos quatro anos. A decisão, já difícil por causa de uma eleição conturbada e cheia de polêmicas, se torna ainda mais complicada quando se está longe de casa.

Para quem acompanha as eleições à distância, o desafio maior é conhecer bem as propostas dos candidatos. Sem horário eleitoral na TV, a saída para a catarinense Raquel Cruz, que trabalha em uma agência de eventos esportivos em Paris, onde vive há dois anos, é buscar informação na internet. 
"Mesmo estando fora do Brasil, considero importante participar. A gente aqui fora não pode esquecer que as decisões tomadas por estes eleitos têm reflexo direto na nossa vida, sem contar na família que ficou no Brasil. A gente tem a vantagem de ver o cenário de fora e de comparar com o tipo de política empregada no país em que vive. Além disso, há um aumento de popularidade da extrema direita no país e acho importante que todos se posicionem sobre isso, para evitar algo pior no futuro", afirma Cruz, que vai votar pela primeira vez fora do Brasil.
O engenheiro Amandio Sena vai votar na sua segunda eleição presidencial fora do Brasil. Ele vive há dez anos nos EUA, país de maior domicílio eleitoral brasileiro no exterior, com mais de 160 mil pessoas que devem ir às urnas este ano. Em seguida estão Japão, com 60,7 mil eleitores e Portugal com 39,1 mil. Na sexta colocação, a Alemanha terá este ano 25,3 mil brasileiros aptos a votar.
"Acompanho os projetos dos candidatos, e acho que alguns têm propostas que podem ajudar o Brasil a melhorar, outros não. No entanto, pelas últimas pesquisas, acredito que nenhum desses candidatos vá para o segundo turno. Infelizmente, no final a escolha vai ser pelo menos pior", afirma Sena. 
Com o crescimento de eleitores, o TSE e o Ministério das Relações Exteriores organizaram 33 novas seções eleitorais para esta eleição, em regiões onde há grande concentração de brasileiros, mesmo que não haja embaixada ou consulado na cidade. Um desses novos locais de votação será em Colônia, onde a professora Lara Brück-Pamplona vai votar. Morando há 15 anos na Alemanha, a professora cita a preocupação em checar as informações que recebe por redes sociais ou lê em sites antes de definir o voto.
"Acompanho principalmente através da internet, mas procuro diferentes fontes para a mesma informação, mas saber se aquela notícia não é falsa. Esse cuidado todos devem ter atualmente, principalmente em eleições. Também falo com amigos e familiares no Brasil e vejo que o momento atual do Brasil é bastante crítico. Há uma radicalismo que me assusta muito e isso também ocorre na Europa", afirma Lara Brück-Pamplona, professora nas universidade de Colônia e Bonn.
No papel em 61 locais de votação
Quem vota no exterior só pode escolher o candidato à Presidência da República. De acordo com a Justiça Eleitoral, pouco mais de 500 mil brasileiros se registraram em 125 países para votar nas eleições presidenciais deste ano. O número representa um crescimento de 41% em relação ao de eleitores fora do país em 2014. Voltando um pouco mais, a 1989, apenas 18.492 brasileiros votaram fora do território nacional.
O crescimento de eleitores no exterior já era esperado por causa da crise econômica que se arrasta desde 2014. Desde então, o número de brasileiros que decidem viver fora do Brasil só aumentou. No ano passado, mais de 21 mil pessoas fizeram declaração definitiva de imposto de renda informando a saída do país. Em 2011 saíram apenas 8 mil.
O TSE e o Ministério das Relações Exteriores prepararam 172 locais de votação nesses países, mas nem todos terão urna eletrônica.
"Em 61 pontos de votação com cédula de papel. Isso não será um problema, todos os votos serão registrados e enviados de código criptografado para o Brasil, onde vão aguardar para a contagem dos votos. Os 111 locais que terão urnas eletrônicas já estão recebendo os aparelhos aos poucos”, informa Giuseppe Janino, diretor do departamento de Tecnologia da Informação (TI) do TSE.
O prazo para poder solicitar voto no exterior no TSE se encerrou em maio deste ano e deve ser retomado dia 5 de novembro, para a próxima eleição presidencial. Quem fez o registro e não comparecer no dia da votação, terá que justificar a ausência da mesma forma como ocorre no Brasil.

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DW

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