Em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito neste domingo
(28/10), Jair Bolsonaro (PSL) optou por amenizar o tom rígido e o
discurso muitas vezes tachado de antidemocrático que marcou boa parte de
sua campanha, e prometeu promover, a partir de 2019, um governo
constitucional e defensor da democracia. "Faço de vocês minhas
testemunhas de que este governo será um defensor da Constituição, da
democracia e da liberdade. Isso é uma promessa não de um partido, não é a
palavra vã de um homem. É um juramento a Deus", declarou o capitão da
reserva. Em discurso de vitória lido diante das câmeras e ao lado
de familiares e aliados na porta de sua casa, na Barra da Tijuca, no
Rio de Janeiro, o presidente eleito insistiu que a liberdade é um
"princípio fundamental" que vai transformar o Brasil em "uma grande
nação". "Liberdade de ir e vir, andar nas ruas em todos os
lugares deste país. Liberdade de empreender. Liberdade política e
religiosa. Liberdade de informar e ter opinião. Liberdade de fazer
escolhas e ser respeitado por elas", listou o presidente eleito. Em
um aceno à inclusão social – em contradição com posicionamentos
polêmicos colecionados ao longo de sua vida política –, Bolsonaro frisou
que este é um "país de todos": "Brasileiros natos ou de coração, um
Brasil de diversas opiniões, cores ou orientações." "Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que defenda e
proteja os direitos do cidadão que cumpre seus deveres e respeita as
leis. Elas são para todos, porque assim será nosso governo:
constitucional e democrático", garantiu. O presidente eleito
ainda reiterou que o resultado das eleições deste domingo não
representou a vitória de um partido, "mas a celebração de um país pela
liberdade", e prometeu cumprir o compromisso que assumiu com os
brasileiros de "fazer um governo decente, comprometido exclusivamente
com o país e com o nosso povo". "Nosso governo será formado por
pessoas que tenham o mesmo propósito de cada um que me ouve neste
momento. O propósito de transformar o nosso Brasil em uma grande, livre e
próspera nação. Podem ter certeza que nós trabalharemos dia e noite
para isso." Em relação ao futuro governo, prometeu "quebrar
paradigmas". "Vamos confiar nas pessoas. Vamos desburocratizar,
simplificar e permitir que o cidadão, o empreendedor, tenha mais
liberdade para criar e construir o seu futuro. Vamos desamarrar o
Brasil", afirmou. Bolsonaro ainda falou em "criar condições para
que todos cresçam. "Isso significa que o governo federal dará um passo
atrás, reduzindo a sua estrutura e a burocracia, cortando desperdícios e
privilégios, para que as pessoas possam dar muitos passos à frente." "Este
não será um governo de resposta apenas às necessidades imediatas. As
reformas a que nos propomos são para criar um novo futuro para os
brasileiros", afirmou. "Não existem brasileiros do Sul ou do Norte.
Somos todos um só país, somos todos uma só nação. Uma nação
democrática." Entre as propostas de governo, o capitão
reformado mencionou que pretende gerar mais empregos, promover o
equilíbrio fiscal, quebrar o crescimento da dívida, reduzir os juros e
converter o déficit público primário em superávit. Também falou
em buscar laços bilaterais com nações mais desenvolvidas, a fim de
"libertar o Brasil das relações internacionais com viés ideológico".
"Recuperaremos o respeito internacional pelo nosso amado Brasil." Antes
desse discurso, Bolsonaro fez um primeiro pronunciamento após a vitória
em transmissão ao vivo nas redes sociais, no qual já havia prometido um
governo "ao lado da Constituição", que contará com "uma boa assessoria
técnica e profissional, isenta de indicações políticas de praxe". Ele
ainda disse que se inspiraria em "grandes líderes mundiais". O
vídeo de quase oito minutos foi gravado em sua casa, ao lado de sua
mulher, Michelle Bolsonaro, e de uma tradutora de libras. Sobre a mesa,
havia exemplares da Bíblia, da Constituição, de um livro sobre o
ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que liderou o Reino
Unido durante a Segunda Guerra Mundial, e de outro do escritor
conservador Olavo de Carvalho.
Fernando Haddad, candidato derrotado do PT, se pronuncia ao lado de familiares e aliados
Haddad pede coragem O
candidato derrotado neste segundo turno, Fernando Haddad (PT), também
fez um pronunciamento neste domingo ao lado de correligionários e
lideranças do PT, Pros, PCdoB, Psol e de movimentos sociais. Em
tom firme, o petista discursou por cerca de dez minutos, agradeceu os 47
milhões de votos no segundo turno e garantiu que se manterá na
oposição. "Verás que um professor não foge à luta. Nem teme, quem adora a
liberdade, a própria morte", disse, parafraseando o hino nacional. Haddad
ressaltou que há tempos as "instituições são colocadas à prova a todo
instante", e que a soberania nacional e a democracia são valores que
estão "acima de todos nós." "Temos uma tarefa enorme no país, que
é em nome da democracia, defender o pensamento, as liberdades desses 45
milhões de brasileiros", argumentou. "Parte expressiva do povo
brasileiro precisa ser respeitada nesse momento." Ele pediu ainda
para que seus eleitores não aceitem provocações ou ameaças. "Não vamos
deixar esse país para trás. Vamos colocar o nosso ponto de vista",
declarou. "Coloco a minha vida à disposição desse país. Não tenham medo,
nós estaremos aqui. A vida é feita de coragem." Bolsonaro foi
eleito neste domingo com pouco mais de 55% dos votos válidos, que
somaram até agora, com 99,99% das urnas apuradas, quase 58 milhões de
eleitores. Haddad chegou a quase 45%, o que representa mais de 47
milhões de votos.
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