Um ditado popular diz que “a grama do vizinho é sempre mais verde”.
Mas se você usar esse frase com aquele seu amigo que gosta de dar lição
de moral, ele pode responder: “isso acontece porque você olha demais
para a grama do outro e esquece de regar a sua”. A crença popular diz
que o verdadeiro problema é a inveja que se tem do outro. E pode até ter
uma certa razão, mas a questão central não é essa. A questão principal
está na necessidade humana de se comparar o tempo inteiro. Um estudo realizado por pesquisadores do Dartmouth College,
nos EUA, investigou se é verdade que as pessoas se sentem inferiores
quando outras a seu redor ganham mais. Segundo a pesquisa, sim. Ela
define dois tipos de comparações sociais. Quando você se compara a
alguém “melhor” que você, faz uma comparação social ascendente, que
tende a torná-lo infeliz. Quando você se compara a alguém “pior” do que
você, é uma comparação social descendente, e tende a fazer com que você
se sinta satisfeito com a sua “sorte na vida”. Por essa lógica, tende a ser mais satisfatório comprar uma casona em
um bairro simples (porque a pessoa se sentirá “superior” aos vizinhos)
do que uma casa modesta em um bairro super valorizado — que fará o dono
se sentir inferior aos vizinhos. O estudo afirma que o efeito negativo gerado pelos ganhos dos
vizinhos sobre o seu próprio bem-estar pode ser provocado pelas metas de
consumo que você têm, mas não conseguiu atingir — e o vizinho sim. Por
exemplo: você sonha em ter um carro, mas ele é muito caro para o seu
orçamento. Toda vez que você ver aquele carro, seu subconsciente vai
reparar na pessoa que está dirigindo, nas roupas que ela usa, com quem
ela está. Isso fará você se comparar a aquele outro indivíduo, e se
sentir mal. Naturalmente, sua cabeça concluirá que aquela pessoa tem
muito mais dinheiro do que você. Mas nem sempre é bem assim. Se comparar às cegas é uma armadilha,
pois você provavelmente vai superestimar o dinheiro que o outro tem.
Aquela pessoa pode ter divido em 10 anos o carro que você tanto quer, ou
mesmo se endividado para comprá-lo. Além disso, as pessoas
desconsideram tudo que têm quando olham para o que não têm. Talvez a
prioridade da vida de uma pessoa que tenha aquele carro seja justamente
essa. Mas a da sua seja fazer uma viagem. Por mais que você queira o
carro, não vai sacrificar tudo o que pode por ele. Outras pessoas, com
certeza, farão isso — e parecerão mais ricas do que realmente são. A insatisfação pode ser frustrante. Mas é sempre bom checar se você
está sofrendo por algo que não está ao seu alcance. E se você não está
se deixando enganar pelas aparências alheias. Usar a insatisfação como
forma de motivação, para agir em prol do que se quer, é bem mais
produtivo. Assim, quando seu amigo afirmar que a grama do vizinho é
melhor porque você não regou a sua, você pode respondê-lo com outra
frase pronta: “ela só é mais verde porque é de plástico. Pelo menos a
minha é de verdade”.
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