Monges belgas abrem venda online da "melhor cerveja do mundo"



Monges trapistas belgas que fazem uma das cervejas mais cobiçadas do mundo, a Westvleteren 12, decidiram se abrir ao universo do comércio online para garantir que sua limitada produção chegue a amantes da bebida, e não a revendedores em busca de lucros. O site para vendas começou a funcionar nesta terça-feira (18/06).

Na abadia de Saint-Sixtus, na cidade belga de Westvleteren e onde hoje vivem 19 monges, a produção de cerveja começou em 1839, e a venda ao público, em 1878. A produção sempre foi limitada, e as vendas, controladas, para garantir que a fabricação de cerveja nunca dominasse a vida monástica ou que os monges faturassem mais do que o necessário.
Após a Segunda Guerra Mundial, eles decidiram vender sua cerveja apenas nos portões da abadia, em vez de em bares locais. Com a ascensão das cervejas artesanais e sites e conhecedores classificando a Westvleteren 12 como uma das melhores ou até a melhor cerveja do mundo, os monges abriram um sistema de encomendas por telefone em 2005.
A partir de então, passou a ser possível encomendar dois engradados de cerveja para serem coletados na abadia, mas cada cliente só podia fazer uma compra a cada 60 dias. Para contornar as regras, compradores passaram a usar diferentes números de telefone para adquirir mais que o permitido e, em alguns casos, revender as cervejas a preços inflacionados. Segundo o jornal britânico The Guardian, a abadia chegou a receber 85 mil ligações por hora.
O preço de 24 cervejas de Westvletern 12 é de 45 euros, e é preciso pagar uma caução de 15 euros pelo engradado e as garrafas. Isso significa que cada garrafa sai por 2,50 euros. 
Os monges pedem aos compradores que não revendam a cerveja, mas em Bruxelas, por exemplo, uma garrafa de Westvleteren 12 pode custar ao menos 12 euros. Os monges afirmam terem ouvido falar que uma garrafa chegou a ser colocada a venda por 300 dólares em Dubai.
Um dos religiosos disse que, no ano passado, um supermercado holandês estocou 7.200 garrafas da cerveja trapista e as vendeu, acompanhadas de uma publicidade ilustrada por monges, a 9,95 euros cada.
"Isso abriu nossos olhos. Foi uma espécie de alerta para o fato de que o problema era tão sério que uma empresa era capaz de comprar tais quantidades. Isso realmente nos perturbou", afirmou o monge Godfried, um dos poucos que, além de produzir, também bebe a cerveja.
Para evitar os revendedores em busca de lucros, a abadia lançou um sistema de encomendas online para substituir o telefônico com o objetivo de garantir o limite de dois engradados a cada 60 dias. Compradores terão que se registrar, e que novos compradores e os esperaram mais tempo desde sua última compra terão prioridade. Pela primeira vez, eles também poderão escolher e comprar garrafas sortidas das três cervejas Westvleteren produzidas na abadia: uma blonde com 5,8% de teor alcoólico; a Westvleteren 8, com 8% de teor alcoólico; e a famosa Westvleteren 12 – uma cerveja escura com 10,2% de teor alcoólico.
Os monges reconhecem que o novo sistema de encomendas online não vai eliminar completamente os revendedores em busca de lucros, mas pelo menos vai dificultar a compra em grandes quantidades. Eles também esperam que o novo sistema faça com que seja mais fácil para estrangeiros amantes da cerveja encomendem as produzidas na abadia, apesar de que ainda será preciso ir até a abadia para retirá-las.
No novo site, os monges informam que a loja online funciona em horários limitados, anunciados num calendário disponibilizado na própria página, e que a venda está disponível apenas para clientes que já tenham se registrado. Os horários para coleta também estão especificados no calendário.

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DW

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