![]()  | 
| Economista-chefe do FMI, Gita Gopinath | 
Maus tempos para a economia global. Desde abril do ano passado, em cada revisão realizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as estimativas de crescimento das economias, o organismo se vê obrigado a rebaixá-la. Quatro vezes ao ano, ele precisa dar má notícias. E desta vez não foi diferente.
No
 Brasil, a revisão é ainda maior. O FMI cortou a projeção de crescimento
 do Brasil para este ano de 2,1% para 0,8% e diminuiu também a 
estimativa de 2020, que passou de 2,5% para 2,4%. Em relatório divulgado
 nesta terça-feira, o organismo afirmou que expectativa se enfraqueceu 
consideravelmente já que persistem as incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência e de reformas estruturais.
As
 novas projeções se alinham mais ao consenso do mercado financeiro, que 
aposta em um avanço de 0,82% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e de
 2,1% no próximo ano, segundo o boletim Focus desta semana, divulgado 
pelo Banco Central, que leva em conta um levantamento feito com mais de 
100 instituições financeiras. Uma cifra de 0,81% já havia sido apontada 
pelo Governo de Jair Bolsonaro, que admitiu que a expansão da economia brasileira não alcançaria nem um ponto este ano.
Puxada
 pelo Brasil, a projeção para a América Latina também caiu 
drasticamente. A região deve crescer 0,6% neste ano (0,8 ponto 
percentual abaixo do estimado em abril). Para 2020, a previsão é de 
avanço de 2,3%.
O crescimento da atividade da região é 
considerado fraco inclusive se compararmos com os dados dos anos 
anteriores, em que a maioria dos organismos internacionales e analistas 
coincidiam em ressaltar como decepcionante -1.2% e 1% em 2017 e 2018 
respectivamente. O avanço de 0,6% fica bem atrás em relação ao resto dos
 blocos dos países em desenvolvimento, que este ano irá crescer em média
 4,1%, liderados, como vem acontecendo constantemente, pela Ásia. 
A
 "considerável revisão para baixo" em 2019 da América Latina também é um
 reflexo da economia mexicana. De acordo com organismo comandado por Christine Lagarde – que deixará o cargo em outubro
 –, os investimentos no México continuam fracos e o consumo das famílias
 desacelerou, refletindo a incerteza política, o enfraquecimento da 
confiança e o aumento dos custos dos empréstimos no país. O Fundo estima
 que a economia mexicana irá crescer este ano 0,9%, sete décimos menos 
que o projetado anteriormente, e em 2020 avançará 1,9%. Em amobos casos,
 a expansão está aquém da promessa do presidente Andrés Manuel López Obrador, que prometeu um crescimento de 4% nos seis anos do seu mandato.
Segundo
 o FMI, a atividade econômica desacelerou no início do ano em várias 
economias latino-americanas. Na Argentina, a terceira maior da região, a
 atividade se contraiu no primeiro trimestre do ano, embora a um ritmo 
mais lento do que em 2018. A
 previsão de crescimento para 2019 no país vizinho - que foi resgatado 
pelo próprio Fundo há um ano e onde a inflação permanece muito alta - 
também foi revisada para baixo. Para 2020, os economistas do Fundo 
apostam que a economia argentina "irá se recuperar"- registrando taxas 
positivas -ainda que de forma "modesta".
As previsões 
para o Chile, a economia mais sólida da América Latina, também não são 
positivas, já que o Fundo também revisou o seu crescimento para baixo. A
 mudança representa outro entrave para o presidente chileno, Sebastian Piñera,
 que escolheu a revitalização econômica como o ponto central de sua 
campanha, mas tem visto sua popularidade cair ao não alcançar o objetivo
 nos primeiros meses  do seu segundo mandato.
As piores 
notícias, no entanto, são reservadas para a Venezuela, presidida por 
Nicolas Maduro. Segundo o FMI, a profunda crise humanitária e a implosão
 econômica na Venezuela continuam a ter um impacto devastador, e a 
estimativa é que a economia, que fechou o ano de 2018 com uma queda de 
25% do PIB, irá encolher cerca de 35% em 2019.
Heloísa Mendonça
Luis Doncel
Ignacio Fariza
São Paulo
Madri
El País

Nenhum comentário:
Postar um comentário