Ser canhoto ou destro pode não ter nada a ver com o cérebro



Você é destro ou canhoto? De 70% a 90% das pessoas usam a mão direita, enquanto de 10% a 12% têm a mão esquerda como dominante. Essa escolha natural de usar mais um lado do que o outro intriga os cientistas há muito tempo – e até hoje não existe uma resposta definitiva, embora muitos pesquisadores tenham determinado que a chave do enigma estaria no cérebro.  

Um novo estudo, conduzido por biopsicólogos da Ruhr University Bochum, na Alemanha, trouxe evidências de que o que define se você vai ser destro ou canhoto pode ser a medula espinhal. Para chegar à essa conclusão, a equipe analisou a atividade genética da medula de um bebê ainda no útero da mãe.
Nos exames de ultrassonografia dos anos 1980, médicos identificaram o desenvolvimento das mãos a partir da oitava semana de gravidez. Na 13ª semana, a criança já escolhe um polegar para chupar – ou seja, já decide qual vai ser a mão dominante.
Como os movimentos dos braços e das mãos são coordenados pelo córtex motor, os pesquisadores sempre associaram a escolha da mão com o cérebro. Mas, no embrião em desenvolvimento, quando as primeiras indicações de preferência de mão aparecem, essa parte do córtex ainda não está conectado à medula espinhal (que controla os impulsos nervosos).
“Os fetos humanos já mostram assimetrias consideráveis nos movimentos dos braços antes que o córtex motor esteja funcionalmente ligado à medula espinhal, tornado mais provável que a medula espinhal forme a base molecular da destreza”, afirmou a equipe à revista eLife.  
Com essa informação, os cientistas investigaram mais a fundo o que acontece dentro da medula. A partir do monitoramento de cinco fetos entre a oitava e a décima semana de gestação, eles descobriram que há diferenças na quantidade de genes que estão sendo expressos nos lados direito e no esquerdo da medula na oitava semana (quando as mãos estão sendo formadas).
Com essa assimetria, foi possível perceber uma atividade medular maior do lado com mais genes em relação ao outro. E isso seria o ponto de partida para determinar se a pessoa vai ser destra ou canhota.
Os especialistas afirmam, no entanto, que o estudo ainda está nos estágios iniciais e ainda é prematuro descartar a hipótese (e anos de trabalho de outros cientistas) de que o cérebro seja mesmo o responsável pela definição de destreza.

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Giselle Hirata
Super

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