As mulheres pretas ou pardas continuam na base da desigualdade de renda no Brasil. No ano passado, elas receberam, em média, menos da metade dos salários dos homens brancos (44,4%), que ocupam o topo da escala de remuneração no país. Atrás deles, estão as mulheres brancas, que possuem rendimentos superiores não apenas aos das mulheres pretas ou pardas, como também aos dos homens pretos ou pardos. Os dados fazem parte da pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Independentemente do nível de escolaridade,
pretos e pardos continuam recebendo bem menos que os brancos no Brasil,
aponta a pesquisa. No ano passado, o rendimento médio mensal das
pessoas ocupadas brancas (2.796 reais) foi 73,9% superior ao das pretas
ou pardas (1.608 reais). Os brancos com nível superior completo ganhavam
por hora 45% a mais do que os pretos ou pardos com o mesmo nível de
instrução.
O recorte em categorias de rendimento, segundo
o tipo de ocupação, revelou também que, tanto na ocupação formal, como
na informal, as pessoas pretas ou pardas receberam menos do que as de
cor ou raça branca. A diferença salarial entre os dois grupos é, de
acordo com o IBGE, um padrão que se repete, ano a ano, na série
histórica disponível. A desigualdade de rendimento em favor da população
branca ocorreu, segundo a pesquisa, com intensidades distintas nas
Grandes Regiões brasileiras em 2018, mas se manteve tanto nos Estados
que apresentaram os menores rendimentos —Maranhão, Piauí e Ceará—,
quanto nos que registraram os rendimentos mais elevados —Distrito
Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.
Desocupados e informais
Além de ganharem menos, pretos ou pardos representam cerca de dois terços da população desocupada (que hoje passa de 12 milhões de pessoas)
e 66,1% do grupo dos subutilizados, que inclui, além dos desocupados,
os subocupados e a força de trabalho potencial. Os postos informais
também são mais ocupados por esse grupo. Enquanto 34,6% dos
trabalhadores brancos estavam em empregos informais, entre os pretos ou
pardos o percentual é maior, de 47,3%.
Em
relação à distribuição de renda, o levamento mostra que os pretos ou
pardos representavam 75,2% da camada mais pobre do país (formada pelos
10% com menos rendimentos). Dentre os 10% mais ricos, eram apenas 27,7%.
De
acordo com o IBGE, as análises do estudo foram concentradas somente nas
desigualdades entre brancos, pretos ou pardos devido às restrições
estatísticas impostas pela baixa representação dos indígenas e amarelas
no total da população brasileira "quando se utilizam dados amostrais".
Em
2018, 43,1% da população do Brasil era branca, 9,3% era preta e 46,5%,
parda. Os três grupos juntos representavam, no ano passado, 99% dos
moradores do país.
conteúdo
Heloísa Mendonça
São Paulo
El País
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