Estudo aponta que cães e gatos eram grandes amigos na antiguidade


 

Nove milhões de anos atrás, o centro da Espanha fervilhava de predadores temíveis e cheios de dentes que se alimentavam de antigos herbívoros, semelhantes aos cavalos, antílopes e javalis de hoje. Com várias espécies de caçadores inveterados à espreita, é de se pensar que esses vizinhos pré-históricos brigavam vorazmente por território.

No entanto, de acordo com paleontólogos da Universidade de Michigan e do Museo Nacional de Ciencias Naturales de Madrid, não era isso que acontecia.

Em um artigo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, os pesquisadores revelam como pelo menos alguns desses carnívoros coexistiram sem nenhum problema, já que buscavam recursos diferentes em áreas distintas.

A equipe chegou a essas conclusões depois de escavar no sítio de Cerro de los Batallones, onde mamíferos ficavam presos em poços de alcatrão há milhões de anos. Eles descobriram os restos mortais de duas espécies de felinos dentes-de-sabre, um do tamanho de leopardos modernos e outro do tamanho de leões. Não apenas esses felinos equipados com presas aparentemente viviam lado a lado, mas também dividiam espaço com outro concorrente: o cachorro urso, que não era nem urso nem cachorro, mas apresentava uma cabeça canina sobre um corpo ursino.

“Esses três animais eram simpátricos”, explicou Soledad Domingo, pós-doutoranda no Museu de Paleontologia da Universidade de Michigan. “Eles habitaram a mesma área geográfica ao mesmo tempo”. Na biologia, “simpátrico” é utilizado para definir quando duas ou mais espécies ou populações originaram-se na mesma área geográfica mas divergem geneticamente (“sim” = mesmo, parecido, similar ou semelhante;  e “pátria” = pátria ou terra-mãe).

Os pesquisadores acreditam que era uma área de florestas, contendo trechos de pastagem.

Então, como as três espécies conseguiram conviver pacificamente? Uma análise de isótopos de carbono estável dos dentes dos animais forneceu aos paleontologistas pistas importantes. Esse tipo de teste pode esclarecer o que os indivíduos comiam e onde habitavam.

Os resultados mostraram que os dois felinos dentes-de-sabre se alimentavam de cavalos pré-históricos e javalis, levando os pesquisadores a teorizar que as espécies menores usavam as copas das árvores para fugir de seus primos maiores.

O cachorro-urso, por sua vez, vagava por áreas mais abertas que se sobrepunham levemente aos campos de caça dos gatos, alimentando-se de antílopes.

“Os três maiores predadores mamíferos capturavam presas em diferentes partes do habitat”, disse a coautora do estudo Catherine Badgley, professora de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Michigan.

Ela observou também que os predadores de hoje dividem os ecossistemas praticamente da mesma maneira. Portanto, diga isso ao seu gato e cachorro da próxima vez que eles destruírem sua sala por causa de uma briga.

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