O porto de Santos é a cafeteira do mundo: um
terço do café tomado na Terra passa por ali, numa jornada que começa
nas fazendas do Brasil e termina nas xícaras de Madrid, Milão, Moscou,
Kiev… Não só nas xícaras. O maior comprador do nosso estimulante preto,
ao lado dos EUA, é a Alemanha. Mas eles não tomam tudo. Revendem uma
parte razoável, porque é um negocião: os alemães pagam mais ou menos R$
400 em cada saca de 60 quilos e reexportam para o resto da Europa por R$
800.
Sem industrializar nada, só revendendo café “cru” mesmo, do jeito
que ele sai das roças daqui.
Não é malandragem, é logística: eles podem fazer isso
graças à sua malha ferroviária cheia de tentáculos, veias e artérias.
Reexportar dali para o resto da Europa é fácil. Num ano
típico, os caras importam 18 milhões de sacas e revendem 12 milhões.
Isso faz da Alemanha o terceiro maior exportador de café do mundo, atrás
apenas do Brasil e do Vietnã. Tudo sem nunca ter plantado um pé de
café.
Tem mais. Das 6 milhões de sacas que
ficam dentro da Alemanha, uma parte vai para Schwerin, uma cidadezinha
de conto de fadas perto da fronteira com a Dinamarca. Por lá, os grãos
brasileiros reencarnam na forma de cápsulas de Nespresso. E ganham
preços que até outro dia só eram praticados no mercado de outro
estimulante – branco. Um quilo dessas cápsulas acaba saindo por R$ 400
no varejo, quase setenta vezes o quilo do café cru. 70 X 1 para a
Alemanha.
Alexandre Versignassi
super
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