O último rinoceronte-branco-do-norte macho morreu nesta semana, depois de meses sofrendo com problemas de saúde.
Com sua morte, restam agora apenas duas fêmeas da subespécie do mundo – a filha e a neta de Sudan.
"Sua morte é um símbolo cruel da falta de apreço do ser humano pela natureza", diz Jan Stejskal, do Zoológico Dvur Kralove, na República Tcheca, onde Sudan viveu até 2009. "Isso entristeceu todos que o conheceram. Mas não devemos desistir", disse ele à agência AFP.
A única esperança de preservar a subespécie agora é com o uso de técnicas de fertilização in vitro.
"Precisamos aproveitar a possibilidade de usar tecnologias para preservar espécies ameaçadas de extinção. Pode parecer inacreditável, mas, graças a novas técnicas, Sudan ainda pode ter uma descendência", diz ele.
Sudan morreu de quê?
A idade de Sudan era equivalente a 90 anos para um humano. Ele tinha se tornado o último macho de sua subespécie depois que um outro rinoceronte macho morreu em 2014.O rinoceronte recebia tratamento para doenças degenerativas que atingiam seus músculos e ossos. Ele também tinha muitas feridas na pele.
Nas suas últimas 24 horas de vida, ele não estava conseguindo ficar de pé e estava sofrendo muito. Assim, veterinários da reserva Ol Pejeta o sacrificaram para livrá-lo do sofrimento.
Por que esse tipo de rinoceronte é tão raro?
O rinoceronte é o segundo maior mamífero do planeta, atrás apenas dos elefantes.Há cinco espécies do animal. O branco é dividido em duas subespécies: o branco-do-sul e o branco-do-norte – que é muito mais raro que o do sul e está em perigo crítico.
Os rinocerontes-brancos-do-norte viviam em Uganda, na República Centro Africana, no Sudão e no Chade e foram dizimados nos anos 1970 e 1980. Na época, a caça ilegal foi estimulada pela demanda por chifres de rinoceronte para uso na medicina tradicional da China e para a produção de artefatos no Iêmen.
![]() |
| As duas últimas fêmeas da espécie, Najin e Fatu, vivem 24 horas com segurança armada para evitar sua caça ilegal |
A última dúzia de rinocerontes-brancos-do-sul selvagens foi morta na República Democrática do Congo no começo dos anos 2000.
Em 2008, a subespécie foi considerada extinta na natureza pela WWF, entidade de preservação ambiental.
Em 2009, os últimos quatro rinocerontes da subespécie - dois machos e duas fêmeas - foram transferidos do zoológico da República Tcheca para a reserva no Quênia.
A esperança era de que o novo ambiente, mais parecido com o habitat natural dos bichos, encorajaria o cruzamento.
As tentativas, entretanto, não foram bem-sucedidas, e depois de quatro anos Sudan foi aposentado de seu papel de garanhão.
Outra tentativa de preservar alguns dos genes da subespécie cruzando as duas fêmeas, Najin e Fatu, com machos da subespécie do sul também falharam.
Sudan teve uma conta criada no aplicativo de paquera Tinder no ano passado, como parte de uma campanha para arrecadar recursos. A ideia era conseguir dinheiro para um fundo de projetos de fertilização in vitro para tentar preservar os animais.
Cientistas coletaram material genético de Sudan na segunda-feira para futuras pesquisas.
Pesquisadores também querem usar sêmen de diversos machos e óvulos das fêmeas que ainda existem para implantar embriões em "barrigas-de-aluguel" de fêmeas de rinocerontes-brancos-do-sul.
O uso da técnica para reproduzir esse tipo de animal é algo novo e custa caro.
Notícias da morte de Sudan geraram comoção ao redor do mundo.
Políticos do Quênia e youtubers postaram fotos de momentos em que estiveram com o bicho na reserva onde ele viveu seus útimos anos.
Muitos ativistas culparam a falta de preocupação humana com a natureza e falaram sobre a importância de tentar salvar outras espécies de animais antes que seja tarde.
BBC



Nenhum comentário:
Postar um comentário