Evolução favorece preguiçosos, sugere estudo



A preguiça pode ser uma estratégia de sucesso para a sobrevivência de indivíduos, espécies e até comunidades de espécies, sugere um estudo que analisou dados de moluscos no Oceano Atlântico. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (22/08) na revista científica Proceedings of the Royal Society B por uma equipe de pesquisa baseada na Universidade do Kansas.

Cobrindo um período de aproximadamente 5 milhões de anos, desde o Plioceno até o presente, os pesquisadores examinaram as taxas metabólicas de 299 espécies – ou a quantidade de energia que os organismos precisam para sua vida cotidiana. Eles descobriram que taxas metabólicas mais altas são indicativos confiáveis de uma maior probabilidade de extinção.
"Encontramos uma diferença entre as espécies de moluscos que foram extintas nos últimos 5 milhões de anos e as ainda existentes. Aquelas que foram extintas tendem a ter taxas metabólicas mais altas do que aquelas que ainda estão vivas. Aquelas que têm requisitos de manutenção de energia mais baixos parecem mais propensas a sobreviver do que os organismos com taxas metabólicas mais altas", afirma o biólogo Luke Strotz, chefe da equipe que realizou a pesquisa e coautor do estudo.
"Talvez no longo prazo a melhor estratégia evolucionária para os animais seja ser relaxado e lento – quanto menor a taxa metabólica, maior a chance de que a espécie a que você pertence sobreviva", diz o pesquisador Bruce Lieberman, também coautor do estudo.
"Em vez de 'sobrevivência do mais apto', talvez uma metáfora melhor para a história da vida seja 'a sobrevivência dos mais preguiçosos' ou pelo menos 'a sobrevivência dos lentos'."
"A explicação provável é que quem é mais relaxado e lento tem necessidades de energia e alimento mais baixas e, portanto, pode sobreviver com menos quando os tempos se tornam mais duros", especula Lieberman.
O trabalho pode ajudar os cientistas a prever melhor quais espécies podem se extinguir primeiro, já que a mudança climática global dificulta a produção de alimentos. O próximo passo é descobrir se o metabolismo desempenha um papel nas taxas de extinção de outros animais, incluindo aqueles que vivem na terra.
"Este resultado não significa necessariamente que as pessoas preguiçosas são as mais aptas, porque às vezes essas pessoas preguiçosas são as que consomem mais recursos", acrescenta Lieberman. "A preguiça da humanidade, quando se trata de tentar deter as mudanças no planeta que estamos causando, pode ser o maior perigo que nossa própria espécie enfrenta."

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DW

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