O uso de notícias falsas para mobilizar eleitores brasileiros pode não
ter precedentes, em razão do uso do WhatsApp para isso, disse nesta
quinta-feira Laura Chinchilla, chefe da missão da Organização dos
Estados Americanos (OEA), que está acompanhando o processo eleitoral no
Brasil. “O uso da notícia falsa para mobilizar a vontade das pessoas, dos
cidadãos, o fenômeno que estamos vendo no Brasil talvez não tenha
precedentes”, disse Laura a jornalistas após se encontrar com o
presidenciável do PT, Fernando Haddad, e membros de sua campanha em São
Paulo. “É a primeira vez em uma democracia que estamos observando
o uso do WhatsApp para disseminar massivamente notícias falsas”,
afirmou Laura, que também é ex-presidente da Costa Rica. Ao ser
questionada sobre como vê a atuação da Justiça com relação ao tema,
Laura afirmou que as autoridades também não esperavam que este fenômeno
alcançasse a dimensão que tem. Ela citou o caso dos
Estados Unidos, uma “democracia de grandes dimensões”, onde autoridades
também se viram surpreendidas pela difusão de notícias falsas. A
diferença, segundo ela, é que no Brasil a disseminação está ocorrendo em
maior parte pelo Whatsapp, que é uma rede privada, enquanto em outros
casos foram usados Facebook e Twitter, redes públicas que permitem uma
atuação mais incisiva. “(O WhatsApp) é uma rede que apresenta
muitas complexidades para as autoridades poderem acessar e realizar
investigações”, afirmou, acrescentando que a OEA tem a função de
monitorar, mas não pode substituir as instituições formais. A
missão da OEA também observou que o processo eleitoral, com relação à
logística da votação, foi muito organizado e estruturado, não tendo
encontrado irregularidades. O PT, que solicitou o encontro desta
quinta-feira para apresentar denúncias, já havia se reunido com a
missão, que está no Brasil desde o primeiro turno. Segundo
Laura Chinchilla, ainda não houve uma reunião com o PSL, partido do
presidenciável Jair Bolsonaro, embora a OEA os tenha procurado, mas já
receberam denúncias da campanha do capitão reformado.
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