O sucesso popular da expressão “nos braços de Morfeu”, velho chavão
classicista que significa “adormecido”, leva muita gente a acreditar
que, na mitologia grega, fosse Morfeu o deus do sono. Na verdade, ele
era filho do deus do sono, chamado Hypnos, palavra grega que significa
simplesmente sono – um deus que era conhecido como Somnus em latim. Hipnos (ou Hipno), filho da deusa primitiva Nyx, a Noite, tinha um
irmão – gêmeo, segundo alguns relatos, ou meio-irmão, segundo outros –
chamado Thánatos, isto é, a Morte. Vivia dormindo numa caverna pela qual
corria o rio Lete, o “rio do esquecimento”. Entre os muitos filhos que
lhe são atribuídos, Morpheus é o mais famoso – assim chamado por ter a
capacidade de assumir qualquer forma humana para aparecer nos sonhos dos
mortais. E por que todo esse papo mitológico agora? Apenas para falar de duas
das palavras a que pai e filho deram origem. Foi a Hipno que recorreu o
médico escocês James Braid em 1843, ao batizar como hipnotism (hipnotismo) sua técnica de indução de um transe semelhante ao sono. No início do mesmo século, em 1806, o farmacêutico alemão Friedrich
Sertüner tinha recorrido a Morfeu para dar nome ao principal alcaloide
do ópio, que acabara de isolar pela primeira vez, chamando-o morphium ou morphin – palavra que, via francês, chegaria ao português em 1841 como morfina.
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