Após a Segunda Guerra Mundial, vários criminosos nazistas fugiram para a
América Latina. Um deles foi Gustav Franz Wagner subcomandante do campo
de concentração de Sobibor, na Polônia. Escondido no Brasil, ele teve
sua extradição para a Alemanha negada por autoridades de nosso país
quando foi descoberto. Após ser encontrado pelo caçador de nazistas Simon Wiesenthal, em
1978, Wagner se apresentou à polícia. Ele era apontado como responsável
por 250 mil mortes. Vários países pediram a extradição dele ao Brasil. O
então procurador-geral da República, Henrique Fonseca de Araújo (pai do
atual ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo), não atendeu às
requisições da Polônia, Áustria, Alemanha e Israel. Na época, o
procurador não indeferiu a extradição para Áustria e Polônia porque a
lei brasileira entendia que os crimes de Wagner já estavam prescritos.
Já sobre o pedido de Israel, ele considerava que o país não teria
competência para o pedido, pois só passou a existir como estado em 1948.
A requisição da Alemanha foi levada em consideração, pois a prescrição
dos crimes do nazista havia sido interrompida por uma condenação de
Wagner em 1967. Porém, foram requisitados mais provas e documentos para
concluir o processo e extraditar o fugitivo. Durante a longa
tramitação do processo, houve a transição entre os governos Ernesto
Geisel e João Figueiredo (o último presidente da ditadura militar). Com
isso, Araújo foi substituído por Firmino Ferreira da Paz na
procuradoria-geral. Ele acabou autorizando a extradição, mas o Supremo
Tribunal Federal voltou a negar o pedido, pois considerou que os crimes
estavam prescritos. Wagner era apontado como responsável por
vários crimes de guerra. Ele era acusado até mesmo de ter atirado em um
bebê no colo da mãe. O nazista era conhecido no campo de concentração de
Sobibor como “a besta humana”. Enquanto viveu no Brasil, Wagner
trabalhou em uma propriedade rural no interior de São Paulo. Em
liberdade, o nazista morreu com uma facada no coração, em 1980, na
cidade de Atibaia. O laudo médico não concluiu se houve suicídio ou
homicídio.
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