O ex-procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, concede hoje uma longa entrevista ao jornal O Globo. Ele
diz que omissões pontuais de sua denúncia contra Michel Temer não
invalidam nem contaminam as provas colhidas duranta as investigações.
Janot afirma que o acordo de delação com Joesley Batista foi
importantíssimo para desvendar a organização criminosa que se apropriou
do poder público brasileiro. Leia trechos da entrevista: “Foi um acordo importantíssimo para
desvendarmos toda organização criminosa que se apropriou do poder
público brasileiro. As informações, provas e a proatividade dos
colaboradores foram medidas nas denúncias feitas contra o presidente em
exercício Michel Temer e nas investigações que seguiram. Ele responde a
duas denúncias e duas investigações criminais, que decorrem dessa
colaboração. Acredito que essa foi uma das colaborações premiadas que
mais auxiliaram o combate à corrupção no Brasil. O que se passou depois
foi um outro fato. Os colaboradores não souberam se comportar à altura
e, agora, estão sofrendo a possibilidade de ter os seus acordos
rompidos, o que não prejudica as provas obtidas. Nós tivemos dois
acordos de colaboração premiada muito sensíveis. O primeiro da
Odebrecht, difícil pela sua extensão, 78 colaboradores. Exigiram do
Ministério Público Federal muito aplicação e criatividade. Mas esse da
J&F foi o acordo em que nós chegamos à cabeça da organização
criminosa, por isso foi muito importante. Atingiu um presidente da
República em exercício que, depois de três anos e meio da Lava-jato,
continuava praticando atos que queria. Achava que era imune a qualquer
investigação do Ministério Público. E nenhum cidadão é. Chegamos ao
virtual futuro presidente da República (senadorAécio Neves), que também
continuava praticando atos e se acreditava imune. Esse é o quadro que eu
desenho de um ano depois dessa colaboração da J&F. (...) A gente precisa entender as duas
situações. A situação do presidente Michel Temer, em razão da relevância
do cargo que ocupa, para que seja processado criminalmente necessita
autorização da Câmara. E a Câmara, fazendo um juízo político, não
permitiu o prosseguimento do processo penal, que já existe. Então ele
vai responder depois que deixar o seu mandato. Quanto ao senador Aécio
Neves, virtual futuro presidente da República, é réu em um processo
penal. E réu num processo admitido pelo Supremo Tribunal Federal em
razão da colaboração premiada feita pelos executivos da J & F. Então
eu acho que mudou muito. Temos um presidente da República que responde a
dois processos penais, suspensos por decisão política da Câmara – e
sobre isso eu não me pronuncio. E responde a mais duas investigações no
STF. Isso não é pouco. Não consigo vislumbrar exemplos em outros países.
Isso não é pouco. O Brasil mudou, tem indignação na rua e tem uma
atuação profissional na atuação no campo judicial.” Leia a entrevista completa aqui, no site do jornal O Globo.
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Brasil 247
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